Começamos 2023 com o título "Comunidades de energia renovável", coordenado por João Crispim e João Gomes Mendes, uma parceria com a Fundação Mestre Casais.
Na evolução da Humanidade, as comunidades surgem como estratégia de optimização dos recursos dos
indivíduos.
A partilha destes recursos permite garantir maior segurança física
(face aos predadores) e segurança de abastecimento (especialização em
caça e, mais tarde, agricultura). Como vantagem adicional, evoluímos no
conhecimento geral e na nossa capacidade de organização enquanto grupo,
ultrapassando largamente os sonhos dos primeiros grupos que se juntaram.
As
comunidades de energia oferecem derivações das vantagens iniciais:
segurança física, optando por menores centrais e de energia limpa e
segura, e segurança de abastecimento, não só por a organização local
permitir
a substituição de pelo menos parte da energia que nos chega de origens
pouco recomendáveis, como a capacidade acrescida em lidar com fenómenos
de perturbação da rede, como tempestades ou fogos,
cuja frequência e
intensidade se prevê aumentar. Também agora se preveem vantagens
adicionais, como a democratização e acessibilidade da energia ou o
potenciar de investimentos em energia renovável, crucial para a
descarbonização da sociedade.
Este é um conceito permitido pelo
desenvolvimento tecnológico, tanto na frente da energia como na da
comunicação/informação, apenas agora atingido. No entanto, atendendo à
existência de um sistema energético organizado anteriormente a estas
possibilidades, tem tido uma evolução difícil. Tendo sido um dos
primeiros países a legislar o conceito, três anos depois ainda não
podemos estar satisfeitos com a fraca penetração do conceito na nossa
sociedade.
Para perceber o potencial das comunidades de energia,
foram convidados alguns dos melhores especialistas nacionais para, em
cada uma das diferentes vertentes desta nova área de conhecimento, nos
esclarecerem
sobre as vantagens e limitações desta realidade, com especial ênfase na sua aplicação em Portugal.